Foto: Beto Albert
Ony Lacerda à direita com o quadro da sétima edição do evento ao qual ele foi organizador, no centro com Oristela, que foi a primeira edição do evento e com Bruno Fernandes, à esquerda, uma pintura feita para a sexta edição do evento.
A 31ª edição da Tertúlia Musical Nativista, que começa nesta sexta-feira (29) e segue até domingo (1º), na Praça Saldanha Marinho, carrega mais do que três dias de música, cultura e tradição. Sua história começa em meados dos anos 1980, quando nasceu como o segundo festival de música nativista da história do Rio Grande do Sul. Mas foi na Associação Tradicionalista Estância do Minuano que, na memória de Oristela Alves e Ony Lacerda, estão os primeiros passos do evento que se tornaria um marco na cultura nativista da cidade e do Rio Grande do Sul.
📸 Siga o perfil de entretenimento do Diário no Instagram
A primeira Tertúlia
Idealizada por José Figueiredo Vasseur, o "Xirú Vasseur", a primeira Tertúlia foi realizada em 1980, na Associação Tradicionalista Estância do Minuano. O festival nasce do desejo de Vasseur que, acompanhando como radialista da Rádio Universidade as edições da Califórnia da Canção Nativa, de Uruguaiana, desde seu surgimento em 1971, acreditava ser possível um evento deste porte em Santa Maria. Os demais envolvidos com a produção musical da década de 1970 viam em Santa Maria uma região chave para a criação de um novo festival nativista, por ser no centro do Estado e de fácil acesso para músicos de diversas localidades.
Vasseur elaborou o projeto da Tertúlia e passou às mãos de Amaury Dalla Porta, patrão da Estância do Minuano na época, quando optaram por realizar o festival junto ao Rodeio Campeiro, já tradicional da entidade. O nome “Tertúlia” foi escolhido também por Xirú. A primeira edição ocorreu com o objetivo de encontrar, também, um hino para a Estância do Minuano. Assim, todas as composições concorrentes deveriam apresentar músicas com temáticas relativas à expressão, fosse o vento Minuano, o índio Minuano ou a Estância do Minuano. O sucesso da primeira edição pode ser dito em seus números: mais de 100 composições foram inscritas para o festival. A primeira edição teve como ganhadores Luís Carlos Borges, considerado um dos principais nomes da música regional, e Humberto Gabbi Zanatta.
Oristela Goulart Alves esteve na primeira edição do evento e foi organizadora da Tertúlia por muitos anos
Entre os grandes nomes que ajudaram a dar vida a esse sonho está Oristela Alves, uma referência na música nativista. Ela esteve na primeira edição do evento em 1980. Nascida em Uruguaiana em uma família de compositores, a cantora iniciou na música com apenas 3 anos de idade, cantando nas rádios de Uruguaiana. Aos 70 anos, Oristela recorda sua trajetória.
– Fui aprendendo um pouquinho com meu pai e com meu avô, que eram as pessoas que me acompanhavam no violão. Logo depois, eu já participava de festivais de MPB e também fui a primeira mulher no Rio Grande do Sul a puxar um enredo de escola de samba. Assim foi nascendo a Oristela nos anos 1970 – comenta a cantora.
A oportunidade de participar da primeira Tertúlia veio por meio de um convite especial. O evento reuniu uma multidão na Estância do Minuano naquele ano, e Oristela, junto com seu pai, ia dando dicas para a organização do evento.
– Um amigo foi até minha casa em Uruguaiana, e viemos com meu pai, que foi jurado, e com Jaime Caetano Braun, que fez pajadas das canções. Foi na Estância do Minuano que tudo aconteceu – conta Oristela.
Ony Lacerda foi ex-presidente e um dos organizadores da sexta e sétima edição da Tertúlia
Outro protagonista dessa história é Ony Lacerda, 85 anos, ex-presidente da Estância do Minuano e figura fundamental para o crescimento da Tertúlia. Ony participou da organização da sexta e da sétima edições, e relembra com carinho os momentos vividos no palco da Estância.
– Nesse palco, Alceu Valença teve oportunidade de se apresentar. Neste mesmo lugar, foi praticamente lançado o “Canto Alegretense”, a música dos Fagundes – relata Ony Lacerda.
O legado que Oristela e Ony deixam para a Estância e a Tertúlia
Ao lado de Ony e Oristela, Bruno Fernandes, 41 anos, atual presidente da Estância, celebra o legado deixado por esses e outros expoentes da música nativista.
– Isso é motivo de muito orgulho para mim, porque a Oristela participa da organização não só da Tertúlia, mas do movimento dos festivais em si. E Ony Lacerda, homenageado deste ano, foi presidente da Estância do Minuano. E tem uma história, uma identidade com a Estância. Fez e participou da sexta e da sétima Tertúlia Musical Nativista como presidente da entidade – relembra Bruno.
Nesta 31ª edição, a presença de Oristela e Ony simboliza a continuidade de uma história que nunca deixou de pulsar. Eles são prova viva de que a Tertúlia não é apenas um festival, mas um legado de paixão pela cultura e pela música regional que atravessa gerações e que ganhou espaço nas memórias dos dois.
Confira a programação deste final de semana da 31ª Tertúlia Musical Nativista
Fase Local
Sexta-feira, 29 de novembro
- Apresentações Competitivas – 10 canções selecionadas da fase Local a partir das 20h
- Show especial – Ricardo Bergha, talento consolidado na música sul-brasileira
Fase Geral
Sábado, 30 de novembro
- Apresentações Competitivas – 12 canções escolhidas na Fase Geral a partir das 20h
- Show especial – Igor Tadielo, a nova geração do nativismo e muito carisma
Fase Final
Domingo, 1º de dezembro
- Os grandes finalistas em destaque
- Espetáculo “Natal Pampeano”
- Show – Analise Severo & Jean Kirchoff apresentam uma fusão entre a tradição gaúcha e o espírito natalino, criando uma noite memorável