No Bem Viver

Número de doações de sangue cai até 30% no final de ano

Dandara Flores Aranguiz

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Ninguém está livre de precisar de uma transfusão de sangue. Mesmo não estando doente hoje, você pode sofrer um acidente ou precisar de uma cirurgia ou procedimento médico em que a transfusão seja indispensável. Qualquer que seja o seu caso, você vai depender da boa vontade de doadores. Mas, apesar de o processo ser rápido, fácil e seguro, muita gente abre mão desse ato de amor e deixa de salvar vidas.

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Só quem precisa ou conhece a realidade de quem sofre algum tipo de doença e passa por transfusões periodicamente sabe o quanto a doação de sangue é importante. E se já é difícil encarar o processo com bom humor quando se é adulto, quando o paciente é uma criança, o procedimento da transfusão pode se tornar um pouco mais desgastante.

Essa rotina de hospital e agulhas faz parte da vida da pequena Ingrid Vargas, 2 anos, que, nem diante da dor, perde a alegria ou esconde o sorriso lindo. Ela é portadora de uma doença rara com um nome difícil até de soletrar: linfangiomatose com fenômeno de Kasabach-Merritt. Esta síndrome faz com que as veias sanguíneas fiquem obstruídas, e o nível de plaquetas (um dos componentes do sangue) fique abaixo do normal. As plaquetas são fundamentais no controle do sangramento. Por conta disso, o braço direito de Ingrid fica muito inchado na maior parte do tempo.

Com apenas 4 meses de vida, Ingrid já visitava as salas do setor de Hemoterapia do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) para realizar a transfusão. Semanalmente, ela, a mãe e o pai se deslocam do interior de Agudo até o Husm para repetir o processo, que auxilia no tratamento da doença.

– Para quem doa, não custa nada, mas, para a gente, representa muito. A doação de sangue é a vida dela. Se não fosse pela solidariedade de pessoas que nem conhecemos, talvez ela não estivesse aqui conosco. Dependemos desta compaixão – relata, emocionada, Daiane Unfer Vargas, mãe da pequena Ingrid.

Número de doações de sangue cai até 30% no final de ano


Com a aproximação das férias, as doações nos bancos de sangue da cidade reduzem cerca de 30%. Dezembro ainda nem chegou, e o estoque de sangue do tipo O- (negativo) do Hemocentro Regional de Santa Maria, que abastece 16 hospitais da região, já está em situação crítica. De acordo com a diretora Carla Coelho, mesmo com a média de mil doadores mensais, seria necessário aumentar as doações em até 50% para regularizar o nível do estoque.

Somando a deficiência dos bancos de sangue em Santa Maria, são 691 doadores a menos, por mês, nas férias. Levando em conta que os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são os mais críticos, são, aproximadamente, 2.070 doações que se perdem neste período.

_ O sangue deve estar disponível para o paciente no momento em que for solicitado. A doação feita hoje só é liberada depois de dois ou três dias, até que a separação dos componentes e os exames sejam feitos. Mas o paciente não pode esperar todo esse tempo. O sangue tem que estar pronto antes da necessidade de usá-lo. Por isso, a importância da doação contínua _ explica Carla.

Maioria doa para conhecidos

Zanoni Segala, chefe do setor de Hemoterapia do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), alerta para a mesma questão. Segundo ele, a maioria das pessoas só se comove a doar sangue quando tem um familiar ou amigo precisando.

_ Grande parte da população ainda não está sensibilizada para a doação. Mas elas devem pensar que sempre há alguém precisando, mesmo que esse alguém seja um desconhecido _ avalia Segala.
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