“Eu escolhi a advocacia… e não foi por acaso”

Não foi status. Não foi salário. Não foi porque disseram que dava futuro. Eu escolhi a advocacia porque algo dentro de mim gritava por justiça. Por voz. Por verdade. E hoje, olhando para trás, com os olhos cansados, mas o coração cheio, eu entendo: não foi uma escolha qualquer. Foi um chamado.


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Eu sei, não é fácil. O caminho até aqui foi duro. Foram anos de estudo, de renúncia, de noites sem dormir, de dúvidas. Foram incontáveis vezes em que eu me questionei se valia a pena. Porque a advocacia, diferente do que muitos pensam, não é uma profissão de glamour. É uma entrega. Uma batalha diária contra sistemas que esmagam, contra burocracias que sufocam, contra injustiças que gritam diante de olhos que preferem se fechar.


Mas é também, e principalmente, uma forma de lutar por quem não tem voz. De defender vidas, histórias, dignidade, saúde, honra, liberdade, patrimônio. E isso... isso não tem preço.


Ponte entre a dignidade e quem foi privado dela
Ser advogada é carregar no peito uma inquietação constante. É saber que, mesmo quando o mundo desaba, ainda existe uma esperança: a palavra, a argumentação, a justiça. É entrar numa audiência com a alma exposta, com os nervos à flor da pele, com a convicção de que, se você não falar por aquela pessoa, ninguém mais vai falar.


Eu escolhi ser advogada porque não sei fingir que não vi uma injustiça. Porque me dói ver alguém sendo silenciado. Porque me revolta saber que tanta gente não conhece seus direitos, e pior, acha que não tem nenhum. Eu escolhi essa profissão porque acredito, com todas as forças, que o direito não é apenas um conjunto de leis frias, mas uma ponte entre a dignidade e quem foi privado dela.


Por amor, pela verdade...
E sim, tem dias que dá vontade de desistir. Que a exaustão bate, que o sistema pesa, porque somos cobrados, testados, subestimados. Porque o mundo jurídico pode ser cruel, competitivo, desumano. Mas aí eu lembro de cada pessoa que me olhou nos olhos com gratidão. Cada causa vencida que parecia impossível. Cada lágrima de alívio. Cada vida que voltou a respirar depois de uma injustiça desfeita. E eu me refaço.


A verdade é que escolher uma profissão que se ama é escolher viver com propósito. Não significa que será fácil, mas que será verdadeiro. Que cada obstáculo enfrentado terá um sentido. Que cada noite mal dormida será sustentada por uma causa maior. E eu, mesmo com todas as dores que essa caminhada traz, sou grata por ter escutado aquela voz interna – aquela que dizia: “vai, luta, defende, transforma”.


Ser advogado é um ato de coragem. É colocar o peito no fogo e a alma em cada palavra. É ser resistência. É ser escudo. É ser ponte. E eu escolhi ser tudo isso, mesmo sabendo que, muitas vezes, o reconhecimento não viria. Mas a paz de lutar pelo que é certo, essa ninguém me tira.


Então, se você está em dúvida, se pensa em seguir esse caminho, eu te digo com toda a emoção de quem vive isso todos os dias: vá se for por amor. Vá se for por verdade. Vá se for pra fazer diferença. Porque se não for assim, a advocacia vai te esmagar. Mas se for… ah, se for... ela vai te transformar.

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Juliane Korb

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