Amor.Tão falado, tão sonhado, às vezes tão mal compreendido. Muitos o procuram em cartas perfumadas, em finais de cinema, em jantares à luz de velas, onde a sobremesa é um pedido de casamento. Mas, veja bem, o amor genuíno – aquele que realmente muda a vida da gente – mora em lugares muito mais simples.
Ele não grita, ele sussurra. E, na maioria das vezes, vem disfarçado de gesto pequeno.
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Amor é o café passado na hora certa, do jeitinho que você gosta, mesmo sem ter pedido. É a avó que faz “só um bolinho”, e, quando você chega, tem almoço completo, sobremesa e um tapinha carinhoso dizendo que você emagreceu demais (mesmo que a balança diga o contrário).
Amor é aquele amigo que aparece com duas taças no dia em que você disse que estava “tudo bem”, mas ele soube, só de ouvir sua voz, que não estava.É o abraço que chega antes da lágrima, o silêncio confortável entre duas pessoas que se entendem sem precisar traduzir.
Amor é o bilhetinho deixado na geladeira: “Comprei seu suco favorito”, ou o “me avisa quando chegar” às três da manhã. Porque amor não dorme enquanto você não chega – ele é um vigia teimoso.
O amor mora nas entrelinhas da vida. No amigo que troca o rolê por um filme ruim só porque você não queria ficar sozinho. Na irmã que briga com você o dia inteiro, mas vira leoa quando alguém de fora tenta te machucar.No pai que não sabe dizer “eu te amo”, mas aparece na sua casa para consertar o chuveiro como quem salva o mundo.Na mãe que manda mensagem perguntando se você comeu. (Spoiler: ela já sabe que você não comeu).
Amor é ter para quem mandar meme. É rir junto até faltar o ar. É discutir por besteira, bater a porta e, cinco minutos depois, perguntar: “Quer que eu esquente seu prato?”.Amor é isso. É simples. É generoso. Às vezes, é teimoso – mas nunca é mesquinho.
O amor de verdade não é cenário exclusivo de novela romântica. Ele está nas avessas do cotidiano.Nos amigos que viram irmãos. Na vizinha que recebe tua encomenda e ainda oferece um conselho de brinde. No pet que abana o rabo como se você fosse o sol nascendo todo dia.
E sim, o amor às vezes tem cara de domingo preguiçoso, de roupa velha e cabelo despenteado.Tem cheiro de casa limpa e de bolo assando. Tem som de gargalhada compartilhada e de música cantada bem alto no carro. O amor é desajeitado, é brega às vezes – mas nunca, nunca é vazio.
Ele pode ser um “se cuida”, um “leva casaco”, um “já tá tarde, dorme aqui”. Pode ser ouvir a mesma história pela terceira vez só para ver o outro sorrir.
Pode ser dividir a última fatia de pizza – e isso, convenhamos, já é um ato heroico.
O amor verdadeiro não precisa de palco, de plateia, nem de aplauso. Ele vive bem nos bastidores, onde a vida real acontece. Se alimenta do simples e floresce no ordinário. Porque o extraordinário, afinal, é saber amar em pequenas doses, todos os dias. E, quando a gente entende isso, a vida muda de cor. Fica menos sobre o que falta e mais sobre quem está.
Menos sobre o que eu recebo e mais sobre o que eu ofereço. Amar, de verdade, é estar disposto a ser casa para alguém – mesmo que por instantes. Porque o amor, quando é genuíno, não se mede em declarações, mas em presenças. Não se pesa em palavras, mas em cuidado. E a beleza maior da vida talvez seja essa: descobrir que, em cada esquina, em cada gesto, em cada afeto simples... o amor sempre encontra um jeito de dizer: “estou aqui”.