
Foto: Beto Albert
Impulsionado pela reforma da Previdência em debate pelo Executivo, o protesto, organizado pelos sindicatos dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) e dos Municipários, ao longo do dia desta terça-feira (1°), mostrou uma mobilização do funcionalismo público municipal, que não era observada nas últimas manifestações em Santa Maria.
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Normalmente, as paralisações eram puxadas pelo Sinprosm e não tinham uma grande adesão de outras categorias de servidores, como os funcionários da saúde e aposentados presentes no protesto. Também participaram representantes de partidos e vereadores de oposição ao governo Rodrigo Decimo (PSDB), entre eles Alice Carvalho (PSol), Luiz Fernando Cuozzo Lemos (PDT), Sidi Cardoso (PT) e Valdir Oliveira (PT).
Em frente à prefeitura, os participantes do protesto chegaram a pedir a presença da vice-prefeita Lúcia Madruga (Progressistas), ex-secretária de Educação, junto aos manifestantes – o que não ocorreu –, já que Decimo estava em Brasília. Com cancha para falar em momentos mais espinhosos desde o governo Jorge Pozzobom (PSDB), o procurador-geral do Executivo, Guilherme Cortez, foi o escalado para falar com a imprensa em nome do governo.
À tarde, o protesto ocorreu na Câmara com os participantes se concentrando em frente ao palácio da Vale Machado. Como a capacidade das galerias é para 90 pessoas, o presidente da Câmara, Admar Pozzobom (PSDB), interrompeu a sessão e os parlamentares foram para o lado de fora ouvir os manifestantes. Em cima do caminhão, o presidente prometeu: “vamos dialogar muito”, referindo-se ao projeto da reforma da Previdência que será analisado e votado pelo Legislativo, futuramente.
Nos bastidores, o governo Decimo está ciente do desgaste e também que “medidas amargas são necessárias”. Os representantes dos sindicatos também sabem que a reforma é inevitável para conter a projeção de um déficit de R$ 3,5 bilhões do Instituto da Previdência, que se arrasta há anos e vem de diferentes governos e partidos. O desafio será elaborar uma proposta com a menor redução de danos no contracheque do funcionalismo, especialmente em relação aos salários mais baixos. Já os servidores foram ao protesto movidos, claro, – e com legitimidade – pelo fato de a reforma atingir o bolso de todos. Ou seja, ninguém sairá ileso: o funcionalismo por uma alíquota maior de contribuição, o governo, pelo desgaste.
Ausência do prefeito na cidade
Os manifestantes criticaram a ausência do prefeito Rodrigo Decimo na cidade, justamente no dia do protesto. Ele está em Brasília desde esta terça-feira para reuniões na Secretaria de Aviação Civil (SAC) e no Ministério de Portos e Aeroportos.
O governo alegou que a agenda do prefeito estava marcada há mais de um mês – 28 de fevereiro – e enviou cópia da confirmação da reunião, na SAC, com a pauta sobre o Aeroporto Municipal de Santa Maria quanto ao compartilhamento com a Base Aérea e ao reforço da pista. Nesta quarta-feira (2), haverá um encontro no Ministério de Portos e Aeroportos e na Infraero sobre a mesma pauta.
Ao final da tarde, Decimo divulgou um vídeo e disse que acompanhou de longe o protesto, “o qual nós respeitamos”. Destacou que há um conselho constituído com representantes das categorias e também do Ipassp para tratar da elaboração da reforma da Previdência e que, neste mês, a consultoria contratada para simular diferentes cenários irá apresentar os estudos. Por fim, fez um esclarecimento: “fique bem claro que está na pauta a reforma da Previdência, e não em discussão o plano de carreira dos professores do município”.