
Foto: Beto Albert (Diário)
Em 21 de outubro de 2024, esta era a previsão dada pela Rota de Santa Maria para a obra que devolveria o tráfego da RSC-287 à normalidade sobre o Arroio Grande, na saída de Santa Maria para a Quarta Colônia: “A nova ponte definitiva, em concreto, deve começar a ser construída em novembro e ficará pronta no 1º trimestre de 2025”. Ela seria erguida ao lado daquela que desabou, em 30 de abril de 2024, na enchente que assolou o Estado. Porém, novembro e dezembro passaram, e nada.
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As folhas do calendário já viraram de 2024 para 2025, janeiro acabou e fevereiro se encaminha ao fim – e mais uma vez, nada de a obra começar. A promessa era de concluí-la no 1º trimestre, que termina no final de março, mas obviamente que o prazo não será mais cumprido.
Esses quase quatro meses de atraso motivaram um pedido de esclarecimento do Ministério Público Estadual agora em 11 de fevereiro, pois o MP havia feito uma reunião com moradores de Palma, a Rota e o governo do Estado, em agosto de 2024, para cobrar o cronograma de obras, que até o momento não saíram do papel.

E foi só a partir daquela reunião do MP que o Exército e a Rota instalando uma segunda ponte móvel, no final de outubro passado, para reduzir as longas filas no local. Na época, a promotoria ameaçou pedir a suspensão da cobrança do pedágio se o problema não fosse resolvido.
Faz duas semanas que o Diário vinha questionando quase diariamente a Rota sobre quando a nova ponte será construída, para acabar com os transtornos das duas pontes metálicas do Exército, que obrigam os motoristas a passar devagar e, eventualmente, ficam bloqueadas por caminhões que ficam trancados sobre elas.
Foi o que ocorreu na última terça (18), quando um caminhão-cegonha ficou preso na estrutura metálica, provocando ainda mais filas na outra ponte móvel, ao lado, que teve de operar no sistema de Pare e Siga.
Nova previsão

Agora, a concessionária respondeu que o projeto da nova ponte foi entregue para análise do governo do Estado em novembro de 2024, mas a Secretaria de Reconstrução pediu ajustes. A Rota agora aguarda a aprovação final e espera, se possível, iniciar a construção da ponte definitiva ainda em fevereiro. A concessionária não deu prazo de conclusão, mas no final de 2024 citava que a obra deveria levar cerca de cinco meses.
A Rota informou que pretende entregar em breve os projetos para construir a nova ponte do Arroio Barriga, entre Paraíso do Sul e Novo Cabrais. No local, há um desvio lateral estreito, o que é motivo de preocupação dos motoristas com a segurança. Quanto à reconstrução dos trechos destruídos pela enchente em Mariante e Candelária, a Rota informou que aguarda a aprovação dos projetos.
O Diário questionou a Secretaria de Reconstrução Gaúcha sobre a demora e o atraso nas obras. A resposta veio por nota. Já o prefeito de Santa Maria, Rodrigo Decimo (PSDB), diz que cobrará a Rota:
– Todo atraso em obras importantes de infraestrutura é negativo, ainda mais quando se tratam de infraestruturas rodoviárias, que ligam o centro do Estado à Capital. Nós, enquanto gestores, estamos atentos a essas situações. No começo de março, temos um encontro agendado com a Rota, e, sem dúvida alguma, a reconstrução da ponte da RSC-287 estará em pauta. Desde sempre, expressamos a necessidade da pronta reconstrução da estrutura e seguiremos cobrando essa solução.
O que diz a Rota de Santa Maria
“Quanto à ponte do Arroio Grande, o projeto executivo de engenharia foi disponibilizado ao Poder Concedente em novembro de 2024, nesse período tendo sido objeto de análise técnica e algumas complementações que vem sendo tratadas entre Poder Concedente (Estado) e Concessionária, com o objetivo de ter a aprovação final do projeto o mais rápido possível. A Concessionária tem a intenção de iniciar a obra ainda neste mês de fevereiro, mas prevendo a possibilidade de postergação dessa previsão em função do prazo necessário para conclusão das análises técnicas e aprovação dos projetos de engenharia. Destaca-se que o novo projeto prevê a execução de uma nova ponte de maiores dimensões da ponte original (maior altura e extensão), bem como a necessidade de compatibilização com a rodovia existente, resultando em uma obra mais robusta do que a condição original."
Duplicação de trechos destruídos
"Para os trechos de Mariante e Candelária, o objetivo é reconstruir esses segmentos de maneira conjunta com a duplicação: primeiramente duplicar o trecho afetado, com isso desviar o tráfego para a nova pista, e em seguida reconstruir a pista antiga. Isso possibilitará a minimização do impacto das obras no tráfego. Os projetos de engenharia para duplicação e reconstrução desses segmentos estão em fase final de elaboração, com o objetivo de encaminhamento ao Poder Concedente ainda dentro deste mês e fevereiro, com a expectativa que se consiga um trâmite célere para aprovação junto à Secretaria, e possibilitando assim o início dessas frentes de obra. Destaca-se também que os projetos que estão sendo desenvolvidos consideram a execução dessas obras com características de resiliência climática, ou seja, prevendo melhorias técnicas para prevenir a recorrência dos danos observados em caso de novos eventos climáticos extremos. Dentre essas melhorias constam: aumento do nível da rodovia duplicada, implementação de pontes secas, aumento dos dispositivos de drenagem da rodovia, e utilização de pedra no corpo de aterro da rodovia."
Ponte do Arroio Barriga
"Ainda, até o final do mês a Concessionária pretende protocolar também os projetos de engenharia para reconstrução da ponte do Arroio Barriga, que neste caso também preverá características de resiliência climática, sendo, portanto, uma obra mais robusta e com capacidade de suportar eventos climáticos extremos.”
O que diz a Secretaria de Reconstrução Gaúcha
“ A Secretaria da Reconstrução Gaúcha (Serg) informa que o projeto executivo para as obras da ponte sobre o Arroio Grande, realizado pela concessionária Rota de Santa Maria, está em análise pela pasta. A conclusão deve ocorrer nos próximos dias."
Cronograma da ponte
"No final de novembro de 2024, após discussões técnicas a respeito dos novos parâmetros hidrológicos decorrentes dos eventos climáticos, a Serg recebeu o projeto executivo elaborado pela concessionária, que administra a rodovia RSC-287. No início de dezembro, a pasta retornou a análise com apontamentos técnicos para adequação do projeto às normas. No final de janeiro de 2025, a concessionária reencaminhou a segunda versão do projeto executivo e esta se encontra em análise."
Duplicação nos trechos impactos pelas enchentes
"Sobre os trechos que vão ser duplicados para recuperar o que foi impactado pela enchente na RSC-287, a Serg informa que os projetos executivos estão sendo elaborados pela concessionária.”
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