Enchente destruiu 70% das matas ciliares do Rio Soturno e mudou 31% do seu curso natural

Enchente destruiu 70% das matas ciliares do  Rio Soturno e mudou 31% do seu curso natural

Foto: Reprodução

Uma pesquisa publicada recentemente pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) identificou precisamente o tamanho dos estragos nas matas ciliares provocados pelas enchentes de abril e maio de 2024 no Rio Soturno, na Quarta Colônia. A destruição chocou agricultores e moradores, que viram pontes e áreas inteiras de matas e lavouras serem levadas pela enxurrada, e agora foi contabilizada por pesquisadores. 

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O estudo sobre o Rio Soturno, que comparou imagens de satélite de março e setembro de 2024, revela uma redução de 68% na mata ciliar ao longo do curso de água, no interior dos municípios de Nova Palma, Faxinal do Soturno, São João do Polêsine e Dona Francisca. O Soturno é um dos afluentes do Rio Jacuí e é fundamental para a agricultura local, especialmente para o cultivo de arroz. Inclusive, parte das lavouras tiveram o solo fértil levado pela enxurrada. 

Segundo pesquisadores, antes das enchentes, a faixa de Áreas de Preservação Permanente (APP) ao longo do Rio Soturno contava com aproximadamente 194 hectares, sendo mais de 60% cobertos por vegetação nativa. Após o evento, essa vegetação foi reduzida a apenas 37 hectares, uma perda de quase 70%. Em alguns pontos, o curso do rio mudou de forma tão intensa que bancos de areia e seixos (pedras) substituíram as matas ciliares.
Além disso, 31% do curso natural do rio foi alterado, e parte das rodovias e pontes estaduais foi destruída pelas águas. Paradoxalmente, as áreas mais afetadas foram justamente aquelas que ainda mantinham vegetação preservada, devido ao acúmulo de troncos e detritos que bloquearam o fluxo da água.
Segundo um dos pesquisadores, José Darival Ferreira, a legislação prevê que o Rio do Soturno deveria ter 50 metros de matas ciliares de cada lado preservados, mas a ausência dessa área de proteção colaborou para o aumento da enchente e da destruição, pois o objetivo da mata é justamente frear a chegada da água das chuvas até o leito do rio e também proteger suas margens.
Darival afirma que, após a enchente, houve preocupação em todo o Estado de fazer a dragagem dos rios, mas ele avalia que, se não for feita a recuperação das matas ciliares, os rios voltarão a assorear e a ter destruição nas próximas enchentes.
Os pesquisadores chegaram à seguinte conclusão: “A pesquisa demonstrou que a vegetação das APPs pode, sim, atenuar os impactos das cheias –, mas apenas se todo o sistema estiver bem conservado. Quando há fragmentação ou ocupação irregular, como o uso agrícola próximo às margens, as áreas preservadas se tornam isoladas e insuficientes para conter o avanço das águas.”

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