Faça chuva ou faça sol, há meses quase não se vê operários trabalhando na duplicação da Travessia Urbana de Santa Maria. Em maio, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) havia anunciado um acordo com as construtoras dos dois consórcios prevendo que os trabalhos iriam ganhar fôlego em junho. Em alguns pontos, como no viaduto da Rua Duque de Caxias e na passagem inferior da Capitão Vasco da Cunha, foram asfaltados trechos. Porém, logo depois, tudo parou.
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E restam as dúvidas: quando a obra será retomada e, principalmente, quando será concluída? Prestes a completar nove anos, o triplo do tempo previsto inicialmente, a duplicação da Travessia Urbana tem uma nova promessa do Dnit: será retomada nas próximas semanas e deve ter um dos dois lotes, entre a Urlândia e a Ulbra, concluídos daqui a seis meses. Ou outro lote, do Castelinho à Uglione, deve levar mais tempo para ficar pronto.
Desta vez, por que o Dnit prevê a retomada? É que o órgão informou ter concluído e aceitado o pedido das construtoras da Travessia, que solicitavam o pagamento de valores para compensar tudo o que gastaram para manter os canteiros de obras de 2018 para cá. Isso ocorreu porque o governo federal havia se comprometido a enviar recursos para concluir a duplicação até dezembro de 2017, mas só mandou 60% dos recursos até essa data.
As empreiteiras alegam que tiveram prejuízos para manter estruturas e funcionários durante os oito anos, quando deveriam ter concluído toda a duplicação em somente três anos. Os valores que serão pagos de indenização às empresas ainda não foram divulgados.
As construtoras dos dois lotes foram procuradas pelo Diário, mas não se pronunciaram sobre as obras e o pedido feito ao Dnit. Nos bastidores, a coluna descobriu que elas alegam que teriam prejuízo se a duplicação fosse concluída sem o pagamento por esses cinco anos a mais que os canteiros de obras e funcionários tiveram de ser mantidos. É que elas tiveram custos como água, luz e até o pagamento de salários para profissionais como engenheiros, operários e setor administrativo, mesmo em períodos em que as obras ficaram paradas ou em ritmo abaixo do normal devido à falta de verbas.
Trevo da Uglione tem as obras mais demoradas a serem feitas
No lote 1, entre os trevos do Castelinho e da Uglione, as obras que faltam são mais complexas. Por isso, o Dnit ainda está definindo o cronograma dos trabalhos e não sabe quantos meses serão necessários para concluir tudo. As duas empresas que fazem parte do consórcio, a Sogel e a Continental, precisam terminar o segundo viaduto grande, que fará o trânsito no sentido Urlândia-Duque de Caxias, um pequeno viaduto na rotatória (no nível do solo) e terminar de escavar e pavimentar a trincheira (pistas abaixo do nível do solo que farão o trânsito no sentido Itaara-São Sepé e vice-versa).
A promessa do Dnit é que os trabalhos sejam retomados no Trevo da Uglione nas próximas semanas.
Promessa é concluir lote 2 em 6 meses
O Dnit diz que está concluindo o novo cronograma de obras para finalizar a duplicação. Atualmente, estão 97% prontas. Para o lote 2, entre a ponte do Arroio Taquara (perto da Ulbra) e a reta da Urlândia, o Dnit informou que será possível concluir tudo nos próximos seis meses. Nesse trecho, a maior parte da duplicação e dos viadutos está pronta, mas falta concluir as passagens inferiores (túneis curtos abaixo da rodovia) da Rua Capitão Vasco da Cunha e no acesso à Urlândia, além da pavimentação de pequenos trechos, a iluminação e a passarela do Bairro São João. Outra obra é a revitalização da passarela da Urlândia.
Dessas obras, a mais adiantada é a da Vasco da Cunha, em que há trânsito passando por cima do túnel em duas pistas, faltando concluir as outras duas. Também falta terminar a parte inferior, para os carros passarem pela Vasco da Cunha, embaixo da BR-287. Já a passagem inferior que ligará a Rua Orlando Fração à Urlândia está em fase de fundações e com desvio lateral, o que provoca longos congestionamentos. Há queixas de escuridão e acidentes, diz Mateus de David, dono de um bar perto dali.
– Está difícil, tranca o trânsito. Com a rua fechada, o pessoal começou a desviar daqui e caíram as vendas. Também dá bastante acidente. O povo não tem paciência. Em dia de chuva, é mais complicado, e fora à noite, em que faltam sinalização e luz. Daí, as carretas não veem quebra-molas e passam chutado, dá uns estrondos. Cada vez que sai na rádio ou na TV que vai retomar a obra, eles vêm, colocam uma equipe para trabalhar por uma semana e, depois, tiram de volta – critica ele.