As opiniões de Pozzobom e Valdeci sobre a proibição de bebidas em festas católicas em Santa Maria e região

A decisão da Arquidiocese de Santa Maria de proibir a venda de bebidas alcoólicas e suspender bailes em festas de santos padroeiras em Santa Maria e outras 26 cidades da região segue causando polêmica. Muitos fiéis e líderes comunitários não aceitam a determinação, que entrará em vigor em 2025. 


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A coluna procurou a Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB), mas não teve retorno até sexta, além do prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB) e o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT). O parlamentar criticou a decisão da Igreja Católica, mas o prefeito acabou ficando em cima do muro (veja abaixo o que disseram).

 
​Em nota este mês, a Arquidiocese justificou que a proibição das “reuniões dançantes”, bem como a não comercialização de bebidas alcoólicas em todos os eventos cristãos do próximo ano, é fundamental para cultivar a verdadeira fé da Igreja Católica. O objetivo é adotar uma postura mais alinhada com os ensinamentos do Evangelho. Agora, as paróquias deverão encontrar outras formas de reunir os fiéis.

 
A proposta feita pelo arcebispo Dom Leomar Brustolin foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Arquidiocesano de Pastoral em 19 de outubro de 2024, e será adotada em 2025. A decisão impacta as 39 paróquias da Arquidiocese.

No país

Não é a única diocese do Brasil que aprovou essa medida polêmica. Em janeiro passado, o bispo de Limoeiro do Norte, no Ceará, dom André Vital Félix da Silva, assinou decretos proibindo a venda e o consumo de bebidas alcoólicas, além de jogos de azar, o que inclui rifas, bingos e sorteios nas comunidade religiosas em eventos beneficentes ou de confraternizações das igrejas.

Vinho e a bíblia
Em artigo publicado em 2018 no site da CNBB, dom Manoel João Francisco, que era bispo de Cornélio Procópio, no Paraná, defendeu a proibição da bebiba alcoólica e disse que “algumas paróquias da diocese já caminham sem álcool”. Ele admite que o tema é polêmico e a proibição gera muitas críticas, pois o próprio Cristo transformou água em vinho e várias passagens da Bíblia recomendam o consumo da bebida. Porém, ele alerta que o vinho em excesso provoca ruínas.

 
“Faz algum tempo que os Bispos do Regional Sul II – Paraná – têm insistido para que as bebidas alcoólicas sejam proibidas nas festas e eventos religiosos. Durante a 56ª Assembleia Geral da CNBB em Aparecida, voltaram a insistir, produzindo um vídeo e um texto para ser lido.”

 
Além do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, o Conselho Municipal do Idoso de Santa Maria criticaram a proibição, alegando que os bailes são importantes para o convívio familiar e social, além de fazerem bem para a saúde física e mental dos idosos.


“Sou católico e frequentador há muito tempo dos festejos comunitários e religiosos do interior. Nunca vi nada de anormal ou de nocivo nesses eventos. Pelo contrário. Até hoje, o que eu testemunhei é uma integração saudável e que faz muito bem, especialmente, à saúde física, emocional e mental dos nossos idosos. Acho um equívoco essa proibição, entendo que a medida mais afasta do que aproxima as pessoas da Igreja e espero que isso seja revisto, com bom senso e diálogo. O diálogo é sempre o melhor caminho, e nós estamos à disposição para colaborar nesse sentido.”
Valdeci Oliveira, deputado estadual pelo PT


“Cada religião tem seus costumes, suas liturgias. Os evangélicos têm uma posição, a Igreja Católica tem outra posição. As religiões afro têm outra posição, e compete, sim, ao poder público e à prefeitura cumprir a Constituição, que é o respeito às liturgias, aos costumes de cada uma das religiões. Portanto, a decisão da Igreja é da Igreja. Não compete à prefeitura questionar ou não. Esse tem de ser um debate a ser feito dentro da Igreja Católica.”
Jorge Pozzobom (PSDB), prefeito de Santa Maria


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