
Deni Zolin
Para começar, é preciso deixar claro que é inaceitável que uma obra prometida para ser feita em três anos tenha levado uma década e ainda não esteja pronta. Porém, também é necessário reconhecer que, mesmo ainda não estando totalmente concluída, a duplicação da Travessia Urbana de Santa Maria provocou uma revolução no sistema viário da cidade. Procurei algumas fotos de arquivo de como era a BR-158 antes da duplicação. E as imagens impressionam.
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Na época, já havia longas filas de carretas e carros entre o Trevo do Castelinho e o Trevo da Uglione. Além disso, o cenário é quase irreconhecível, pois havia muitas árvores e vias laterais de chão batido ao longo da rodovia. Quem já está acostumado com a estrada duplicada talvez tenha dificuldade de lembrar como era antes. A Travessia também ganhou viadutos gigantes, coisa que Santa Maria nunca tinha visto. Mas o principal não é o tamanho das obras, mas o quanto elas impactam em fluidez no trânsito na maioria dos pontos dos 14,7 km (infelizmente, ainda há tranqueira em dois locais) e na redução de acidentes e mortes.
Redução de mortes
Uma reportagem do Diário em 2023 apontou que, de 2010 a 2014, a média de mortes ao longo da Travessia Urbana era de 6,4 óbitos por ano. Já de 2015 a 2023, essa média caiu pela metade, para 3,11 mortes a cada ano.
Olhando nos arquivos do Diário, infelizmente era muito comum acidentes frontais e colisões laterais nos cruzamentos da rodovia com ruas da cidade, geralmente com feridos graves e mortes. Na BR-287 com a Avenida Maurício Sirotsky Sobrinho e na Rua Duque de Caxias com a BR-158, os motoristas tinham grande dificuldade em entrar e sair da rodovia, e os pedestres se arriscavam para tentar atravessar. Depois da duplicação, com o viaduto da Duque e a passagem inferior do Patronato, em frente ao Shopping Praça Nova, ficou bem mais seguro entrar e sair da estrada. Isso reduziu drasticamente os acidentes–e quando ocorrem, costumam ser de menor gravidade do que antes.
O projeto de duplicação poderia ser melhor, pois não prevê corredores de ônibus nem ciclovia — só há faixa para ciclistas num trecho. Também falta fazer mais passarelas, o que está previsto, mas ainda sem data para serem construídas. Porém, é preciso reconhecer os avanços.
O Dnit deveria ter sinalizado melhor as obras e precisa agilizar a ligação da iluminação, pois é perigoso à noite. Porém, é necessário reconhecer os avanços trazidos pela duplicação.
Raio-X das obras
O que foi entregue e está em uso na Travessia
14km de pistas duplicadas, viaduto do Castelinho, Passarela da Vila Floresta, viaduto do Cerrito, 2º viaduto da rodoviária, viaduto da Duque de Caxias, dois viadutos grandes da Uglione e viaduto da rotatória, passagem inferior do Patronato, duas pontes do Arroio Cadena, viaduto da Faixa de Rosário/Walter Jobim, viaduto da Santa Marta, passarela da Coca-Cola, viaduto da Tancredo Neves, duas pontes do Arroio Ferreira e duas pontes do Arroio Taquara.
O que falta concluir
O 2º viaduto da rotatória da Uglione e trincheiras da Uglione, passagem inferior da Urlândia, passarela do Bairro São João e passagem inferior da Vasco da Cunha. Religar iluminação e colocar última camada de asfalto em alguns trechos.