É muito recente o episódio eleitoral santa-mariense. Mais: são evidentes as divergências entre MDB e PSDB na Câmara de Vereadores. O que, diga-se, faz parte do jogo político.
Diante disso, há obstáculos a ser superados por cá, se o chamado centro político gaúcho, pelas duas siglas representado, resolver meeesmo se unir para enfrentar, sobretudo, o lado destro no próximo ano. E mesmo a união local PP/MDB indica dificuldades por cá. Que, no entanto, são superáveis, admitem observadores ligados a emedebistas e tucanos.
O fato é que não será em Santa Maria a decisão. Aqui, como mandam os regulamentos da política, haverá de se obedecer. Ou calar. E até omitir-se. Mas sem direito a negar. Os postulados estão na mão das cúpulas. E estas, noves fora os ranzinzas, não raro tidos como históricos, é que tomarão as decisões, inclusive sobre nomes.
De fato, são duas as questões determinantes para eventual acordo, inclusive (há quem creia) no primeiro turno.
Uma está no MDB. Mais antigos têm restrições. Mas ficam só no trololó. Quem decide mesmo está no lado oposto. De maneira que será posta na mesa de negociações, se esta se formar, a hipótese Alceu Moreira, o atual presidente da sigla. Se ele, por razões quaisquer, recuar, o presidente da Assembleia, Gabriel Souza, está fardado. Terceiro nome? José Ivo Sartori? Pode. Mas é muito improvável.
A outra indefinição está justamente no tucanato. Ranolfo Vieira Jr é ficha um para concorrer ao Piratini. Já fora do PTB, aguarda o melhor momento para filiar-se ao PSDB. Que, porém, espera por Eduardo Leite. Na hipótese de o governador virar candidato a presidente, facilita a negociação. Se não, haverá quem queira uma tentativa à reeleição, algo no que Leite não pensa. Ou a disputa ao Senado. Enquanto isso não se definir, e será em final de novembro, tudo fica a esperar.
Outras siglas de centro? Existem. Mas não são protagonistas e deverão ser caudatárias de outras candidaturas, seja do PDT, dos destros (Onyx Lorenzoni ou Luiz Carlos Heinze) ou dos canhotos, ainda indefinidos. Certo, meeesmo, é que não será na paróquia a decisão, mas na catedral. E ponto.
O "esnucado" no DEM do Estado e possíveis reflexos em Santa Maria
O DEM gaúcho está "esnucado". A expressão popular foi utilizada por Ewerton Falk. O secretário municipal de Licenciamento e Desburocratização foi um dos ouvidos pela coluna para tratar do novo status quo do partido que, ao que tudo indica, se unirá mesmo, nacionalmente, com o PSL, sigla que elegeu (e ele abandonou rapidinho) Jair Bolsonaro presidente.
O demista só tem certeza, pode depreender do escriba, de uma coisa: em Santa Maria, a agremiação está no governo desde a articulação da chapa e dele continuará a fazer parte. É, por sinal, o que mais tem secretários claramente identificados.
Além de Falk, outros dois são Marco Antonio Mascarenhas de Souza Lopes (Administração e Gestão de Pessoas) e Rodrigo Menna Barreto (Desenvolvimento Rural). E não há indícios de que o partido deixará a gestão, mesmo em lado diferente no pleito de 2022.
Aliás, a tal fusão DEM/PSL com certeza atrasou ao menos um plano: demistas locais estavam acertados, por suas principais figuras, e aí se inclui o vereador Manoel Badke, e já sabiam que papel desempenhariam no novo comando, em que o presidente do DEM/SM seria (ou será) Mascarenhas de Souza.
A questão é que, com a fusão, a maior figura da sigla no Rio Grande, e pré-candidato ao Piratini, Onyx Lorenzoni, é contra a decisão nacional. E, a rigor, pode ser um dissidente interno forte, com reflexos na comuna. Imagina-se que tudo esteja definido na próxima semana. Inclusive porque, se demorar mais, inexistirá tempo legal para poder concorrer em 2022. Então, no caso santa-mariense, sem poder influenciar, o jeito é esperar. E depois ver como fica.
EM TEMPO - A nova agremiação, que deverá ter o número 25 do DEM, embora o nome deva mudar, nasce com 81 deputados federais. E mesmo que 25 bolsonaristas alojados no PSL se mandem, será a maior bancada na Câmara, com inequívocos reflexos, inclusive financeiros, em 2022.
Surge outro protagonista no lado canhoto. E vem mais aí
Há duas semanas, o PSB gaúcho se posicionou. Apresentou Beto Albuquerque como pré-candidato a governador e afinou o discurso: "só apoio a presidente quem me apoiar aqui". Era manifestação com endereço certo. Sim, nacionalmente, Luiz Inácio Lula da Silva joga para ter (e é provável que consiga) a chancela também do PSB, além do PC do B.

Mas, cá no sul, afora restrições notórias a Albuquerque, que, por sinal, participou dos governos petistas, tanto com Olívio Dutra quanto com Tarso Genro, mas também atuou em governos oponentes ao PT, como o MDB de José Ivo Sartori, há uma tradição petista pela cabeça de chapa.
A diferença, agora, é que com os principais nomes fora, quem se coloca é Edegar Pretto. Trata-se de militante de grande penetração interna, com três mandatos de deputado estadual, mas sem o carisma de outros históricos graúdos. E foi assim antecipado o lançamento de sua pré-candidatura, esta semana, numa clara resposta ao lance do PSB e com direito a fotos com as principais lideranças, inclusive Tarso e Olívio e também a chancela do presidente estadual, Paulo Pimenta.
A rigor, mais que noutros segmentos políticos, do lado canhoto o que se vê são alguma coisa bastante parecida como balões de ensaio. Ainda que neguem, é a impressão, tanto no caso do socialista quanto no petista. Aliás, o jogo à esquerda ainda terá pelo menos mais um protagonista. No caso, a comunista do B Manuela D'Ávila. Que não deve concorrer, por opção pessoal, a cargo federal. Sobram o quê? A Assembleia... e o Piratini.
Resumindo: as principais siglas a ocupar o espaço canhoto da política gaúcha começam a se mexer. Mas fica a impressão que o decisivo, mesmo, será a disputa presidencial. Ela é que vai determinar quem apoia quem por aqui. E quem concorre a quê. A ver.
LUNETA
DOBRADINHA
O PDT, agremiação fundada pelo falecido doutor Leonel, começa a se definir na região central. Reuniões recentes, e a última foi em Agudo, encaminham a candidatura de Marcelo Bisogno à Assembleia em 2022. Da mesma forma, Paulo Burmann, assim que terminar sua gestão na reitoria da UFSM, em dezembro, o histórico brizolista (e filiado ao PDT) será convidado oficialmente a concorrer a deputado federal.
PRÓ-SCHUCH
O salamaleque já acontecera ainda na semana anterior, inclusive com a presença do próprio no plenário da Câmara. A formalização, porém, aconteceu na sessão ordinária da última terça-feira. Enfim, por iniciativa de Manoel Badke, que atua na instituição, e em decisão unânime dos vereadores, foi aprovada a moção número 7624/2021, pró-nomeação de Luciano Schuch para reitor da UFSM, pelo presidente Jair Bolsonaro.
ESPECULAÇÃO
Ao longo da semana passada, a mídia estadual deu conta da possibilidade de o PT gaúcho lançar seu presidente, o deputado federal Paulo Pimenta, ao Senado em 2022. Diante disso, o colunista "tocou um whats", questionando o parlamentar santa-mariense que está em Brasília há 20 anos. Confira a resposta, na íntegra: "serei candidato a deputado federal. O resto é especulação". Pooois é.
SEM DIREÇÃO
Mais um partido se reorganiza em Santa Maria. Esse, inclusive, na marra. No caso, o PL, que terá de nomear uma nova executiva, ainda que provisória. Isso depois que o ex-pedetista e rearticulador da sigla na cidade, há quatro anos, Miguel Passini, decidiu deixar a presidência. Com ele também se desligam da direção liberal os dois vice-presidentes, Mauricio Bianchin e Ricardo Menna Barreto.
PARA FECHAR
A retirada de urgência, na Assembleia Legislativa, para o projeto de lei que trata da regionalização do saneamento, medida que antecede a venda, pelo governo gaúcho, do controle acionário da Corsan, traz pelo menos um indicativo, ainda que não definitivo. Qual? A privatização da companhia pública gaúcha está com cara de que não será exatamente um passeio, como ligados ao Palácio Piratini imaginavam.