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Semana Farroupilha lembra Piratini

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Num acaso da vida, quando tudo deu errado, uma querida pessoa salva meu passeio, me convida para ir a Piratini, e eu fui. Piratini, fundada por açorianos no século XVIII, é famosa por ter sediado a primeira experiência republicana da América Latina e única brasileira antes da proclamação da República em 1889, pois de 1836 a 1842 sediou a República Rio-grandense.

Lá me deparei com a Linha Farroupilha. Idêntica a de Santiago de Compostela, marca nas calçadas os passos dos farroupilhas com lanças farrapas gravadas em círculos de bronze espalhados pelos 880 metros do Centro Histórico. Ela indica igrejas, praças, monumentos, e 25 prédios relacionados com a memória e a história da Revolução Farroupilha. Me chamaram a atenção: a 1ª Câmara Municipal, o Ministério da Fazenda e Interior, o Palácio do Governo Farroupilha, a Casa do General Neto, a primeira cadeia, o Teatro, a Igreja, e o Obelisco, além da Fonte dos Pinheiros, o Sobrado da Dorada, e as Ruínas da Casa de Bento Gonçalves.

Estive lá no Carnaval e me hospedei no Garibaldi Hotel da via apelidada de Avenida dos Desfiles. Às 21 horas, soube o porquê do apelido. Uma infinidade de blocos e um Trio elétrico começaram a passar, aplaudidos por grupos de pessoas nas calçadas com música, camiseta do grupo e muita cerveja.

Assisti ao ir e vir dos foliões observados pelos organizadores identificados por colete fluorescente. A segurança era esmerada, e me encantei ao ler nos postes cartazes da Campanha Posta no Poste promovida por instituições da comunidade, sendo que duas me chamaram a atenção: Não Faça Xixi na Rua e Cuide Uma das Outras.

Em Piratini conheci a Taici, costureira há 47 anos, com quase 70 anos, como disse, três filhos e marido barbeiro. Morou até os 25 anos na Vila Nova e, há 24 anos, tem a Casa da Costureira, na Avenida Gomes Jardim, no Centro de Piratini. Me mostrou sua casa, que é tombada pelo patrimônio histórico nacional, estadual e municipal. Nos encontramos quando entrei na sua loja à procura de prendedor de cabelo. Ela não tinha, mas me presenteou com atilhos de tipos, tamanhos e cores diferentes, e com eles veio a amiga.

Lá conheci o Nico, de profissão assador, cozinheiro, domador, esquilador e, como disse, outras cossitas mais. Ele está por volta dos 80 anos, tem fala mansa, e me contou uma versão particular da Revolução Farroupilha, enfatizando: "esta parte da história não tá nos escrito dos dotô da capitar".

Nas vias centenárias de Piratini, repletas de casarões da época da Revolução Farroupilha, revivi parte da história do Rio Grande, senti o ressoar das esporas farrapas, e viajei na imaginação pelo túnel do tempo da minha terra e da minha gente.

Se as coisas não tivessem dado errado, não teriam dado tão certo!

Caro leitor, já foste a Piratini? Não? Então vá.

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