Claudemir Pereira, [email protected]
Há coisa de três, quem sabe quatro anos, o empresário de transporte coletivo em Santa Maria Edmilson Gabardo, em reunião do Conselho Municipal de Transportes, fez afirmação tida como diferente, no mínimo. Além de, nos bastidores, e bem baixinho, não faltou quem o chamasse de, digamos, quimérico.
Mas, afinal, o que disse o empresário que, por sinal, não esconde nunca o que pensa. Falou Gabardo, com todas as letras que o transporte coletivo deveria ser subsidiado integralmente pelo poder público. Sacrilégio, houve quem cogitasse, embora sem dizer.
Pooois é. Três ou quatro anos e uma pandemia de Covid-19 depois e o que Santa Maria assiste? Isso mesmo, transporte público subsidiado. Não integralmente, até porque talvez não existisse recurso para tanto. Mas o suficiente para reduzir em pouco mais de um pila a tarifa que, se seguisse a planilha aprovada, chegaria a R$ 5,34.
O trocão, que permitiu redução do custo, a ser repassado às empresas concessionárias, coisa de R$ 6,24 milhões, sairá do anunciado superávit orçamentário da gestão. E só vale até o final do ano. Independentemente do resultado de licitação, que ninguém duvide, trata-se de algo que veio para ficar. E este escriba, escorado em anos de experiência, ousa apostar: aumentará – a depender de discussões quando for enviada à Câmara a proposta orçamentária para 2023.
O fato é que caiu o tabu do subsídio. Excetuando-se três vereadores que votaram contrariamente, e tem sua legitimidade para isso, é bom realçar ter havido o entendimento da necessidade da utilização do dinheiro público para esse fim, por parte da grande maioria dos parlamentares.
Mais que isso, também se reconheça, foi a ação de edis, um deles – o mais estridente, talvez – o oposicionista Tubias Callil, que levou inclusive ao incremento do valor inicial pensado pelo Executivo.
Assim é que, se a ideia exposta por Gabardo lá atrás não foi ainda inteiramente acolhida, a verdade é que, mesmo parcialmente, o subsídio traz benefício a, nos cálculos da prefeitura, cerca de 78% dos usuários do transporte coletivo.Em tempo: críticos eventuais do subsídio dizem que o troco vai todo para o cofre das empresas. É verdade. E serve justamente para garantir a redução da tarifa, chegando portanto ao verdadeiro beneficiário, o passageiro. É isso. Ou interminável discussão ideológica. Que também é do jogo, mas que, nesse caso específico, confronta a realidade. E ponto.